Perimenopausa e Ayurveda: Uma Jornada de Autonomia, Corpos Plurais e Saberes Ancestrais
- Sabrina Alves
- há 3 dias
- 8 min de leitura
Atualizado: há 1 dia
NOTAS PECULIARES SOBRE AYURVEDA
POR profa SABRINA ALVES
🔥 Chegou o Momento de Falar Sobre o Que Ninguém Te Contou Sobre a Perimenopausa! 🔥
📢 "Ondas de calor que parecem vulcões, noites em claro, névoa mental (cadê minhas chaves mesmo?), pele que muda de textura, libido sumiu... E uma lista de +70 sintomas que podem durar mais de 10 anos, que ninguém te avisou que viriam!"
👉 Se você se identificou, respire fundo: você não está sozinha(os)! E o Ayurveda tem respostas incríveis para essa fase de transformação.
🌿 O Que Você Precisa Saber Sobre Perimenopausa e Menopausa
✅ Não é o fim – é um recomeço!
A medicina ocidental trata como "falência hormonal", mas o Ayurveda vê como uma fase poderosa de autoconhecimento e renovação.
Você ainda tem 40+ anos pela frente – e eles podem ser seus melhores!
✅ Não é só sobre ovários – é sobre corpo, mente e alma
Afeta cérebro, imunidade, metabolismo e emoções.
Exige abordagem integrada (e não apenas reposição hormonal).
✅ Não é uma experiência única
Corpos diversos = necessidades diferentes (cis, trans, não binários, homens em terapia hormonal).
Altareações para os 3 dosha! Vata, Pitta e Kapha manifestam sintomas distintos.
É verdade que, com a amplitude das redes sociais, muitos relatos estão sendo compartilhados. E falar sobre isso ficou mais comum do ponto de vista de quem está sofrendo com essas alterações. Porém, ainda é escassa a abordagem holística e integrativa na ciência médica para essa fase transitória. O que já se sabe é que é fundamental uma abordagem multidisciplinar para esses desconfortos, indo muito além da referência exclusiva aos ovários.
E, apesar da longa lista de sintomas e o grande período de instabilidade, o que posso te dizer é que definitivamente não é o fim. Associar esse momento a decrepitude é incorreto, afinal após esses ajustes do corpo, ainda viveremos mais uns 40 anos. Então, ao contrário do imaginário de FIM, iremos ver que estamos diante de ótimas oportunidades de auto-conhecimento e mais eficiência emocional e mental. É verdade essa afirmação que faço.
MAS O QUE É e O QUE NÃO É A MENOPAUSA?
Viver para quem menstrua é passar pelas seguintes fases:
· Fase reprodutiva
· Perimenopausa
· Menopausa
· Pós-menopausa
O período pode variar dependendo de fatores hereditários, natureza, constituição corporal, estado mental, níveis de estresse, condições de trabalho, país de residência, locus social em que se está inserido, acesso a recursos básicos de saúde, etc.
Esses marcos podem ou não ser experienciados sob os aspectos da menopausa espontânea ou “natural” que podem ocorrer entre 49 aos 52 anos, menopausa precoce ou prematura que podem ocorrer entre os 40 ou 45, mais ou menos, em função de doenças autoimunes, infecções, cirurgia, fatores genéticos, etc, menopausa induzida por remoção cirúrgica dos ovários, quimioterapia ou radioterapia, menopausa cirúrgica com histerectomia parcial ou total, ou menopausa médica por inibidores da aromatase para interrupção de estrogênio no corpo todo, bloqueadores de estrogênio, etc. (definições segundo o livro “O cérebro e a menopausa”).
De quaisquer formas de experenciar a menopausa, padrões hormonais mudam de pessoa para pessoa. Cada mulher tem um sistema reprodutor único e um cérebro único. Mas essas individualidades estão longe de serem formalizadas pelo sistema da biomedicina.
Por isso, sexismo, etarismo e menopausismo são alguns dos desafios de quem irá passar pelas fases do processo de menopausiar.
E, infelizmente, o senso comum sobre esse período tem um efeito danoso na maneira como nós mesmas vemos e vivenciamos a menopausa – a cultura capitalista ocidental no condicionou a olhar para essa longa lista de sintomas como os únicos aspectos significativos dessa transição.
Precisamos investigar sobre o que acontece com nossos corpos e cérebros antes, durante e depois para que, com autonomia possamos escolher os suportes que fazem sentido para cada necessidade que surgir nesse caminho.
Logo, menopausa não se resume a esses desafios. Eles não são o fim, em si. Eles são passagens de aperfeiçoamento. Teremos sofrimento? Sim, sem duvidas. Mas é condição fundamental para as melhores e novas funções executivas que virão depois da Perimenopausa? Certamente não. Essa fase de instabilidade não precisa que sejam vivencidas com sofrimento.
CORPOS PLURAIS

Antes de continuar, reforço o ponto de vista de que, embora o termo “mulheres” pareça se referir somente a indivíduos que nasceram com o chamado sistema reprodutor feminino (mamas, ovários e útero), é importante destacar: nem todas as pessoas que passam pela menopausa se identificam como mulheres, nem todas as pessoas que se identificam como mulheres passam pela menopausa.
Desse ponto de vista, minha proposta de tratar a perimenopausa e a menopausa na perspectiva do Ayurveda, reconhece as divergentes experiências e identidades no contexto na menopausa, por isso, também tenho preocupação em abordar mais apropriadamente o processo de menopausa pra quem passa pela terapia de afirmação de gênero para pessoas transgenero no contexto da supressão do estrogênio.
PERSPECTIVA DO AYURVEDA PARA A PERIMENOPAUSA E MENOPAUSA
Kala que é tempo, Raja, menstruação e nivritti, cessar: Rajonivritti Kala ou perimenopausa, é o período que antecede o findar da menstruação. Esse período poderá durar até 15 anos, mais ou menos. E como todas as fases de transição vista pelo Ayurveda, todas os doshas podem se desarmonizar nessa fase.
Muito embora, quem esteja governando seja Vata, que pode se manifestar como menstruações irregulares, alterações de humor e distúrbios do sono os sistemas de Pita e Kapha também sofrerão durante esse período. E a imprevisibilidade é a lei. Contudo, é essa uma das maiores especialidades do Ayurveda: contenção dos sistemas dos doshas que podem se tornar imprevisíveis e aumento do OJAS para a manutenção de saúde.
As técnicas para o aumento de OJAS estão descritas nas praticas de terapia Rasayana para o gerenciamento desses tipos de condições. É um tipo de terapia rejuvenescedora cuja intenção é melhorar a força aos Dhatus (tecidos) do corpo, nutrindo até ao nível microcelular.
A terapia Rasayana irá conter o processo de envelhecimento, reforçando a barreira cognitiva, acelerando o potencial do corpo e seus órgãos sensoriais. Com as novas perspectivas sobre como o processo de perimemenopausa e menopausa é multifatorial, ou seja, muito além de unica-excluivamente uma competência de profissionais que só cuidam dos ovarios, afetando em igual proporção o cerebro, o Ayurveda tem muito a auxiliar quem está passando por esse processo.
Os medicamentos Rasayana possuem fortes efeitos antioxidantes. Combatem os efeitos do envelhecimento, estresse, diabetes e doenças autoimunes. Alguns dos medicamentos Rasayana que são úteis na fase da menopausa são Bala, Gokshura, Amalaki, Guduchi, Haritaki, Brahmi, Jatamansi , etc.
Além disso, experiência de cada mulher com a perimenopausa pode variar significativamente. Por exemplo:
· Indivíduos dominados por Vata podem apresentar aumento de ansiedade e insônia.
· Pessoas do tipo Pitta podem enfrentar ondas de calor e irritabilidade.
· A dominância de Kapha pode levar ao ganho de peso e lentidão.
Mas essa relação é só inicial, precisando de uma abordagem mais aprofundada para melhores resultados.
A principal estratégia do Ayurveda será restaurar Ojas em cada surgimento de um novo sintoma durante o processo de perimenopausa e, posteriormente a menopausa.
Ojas é a essência capaz de restaurar o funcionamento correto das células. Durante a fase de transição, a estratégia é focar na manutenção do Ojas, com o manejo adequado de AMA (toxinas) que surgirá nessa fase. Com isso o corpo tem muito mais capacidade em lidar com a queda de imunidade, desequilíbrios e doenças ocasionados pela instabilidade do metabolismo, alterações hormonais, mentais e emocionais.
Importante salientar que, como se trata de uma fase processual, a resiliência precisará ser fortalecida junto com o refinamento de recursos que auxiliem perceber onde se encontra em cada fase desse processo, para que se possa encontrar as melhores estratégias de acordo com cada momento de cada pessoa.
Por isso, não só a orientação de um profissional com experiência na abordagem terapêutica, mas também com capacidade em fornecer instruções claras para o auto-cuidado, é fundamental para cada pessoa que procura o Ayurveda para essa fase. Ler, se instruir e se nutrir de informações corretas é a chave, mas também importante se deixar cuidada.
Melhores Práticas Ayurvédicas
Para atenuar esses efeitos, o Ayurveda recomenda diversas práticas, que vão desde orientações capazes de manter os aspectos que estão indo bem, mas também de cuidar terapeuticamente de muitas desarmonias que podem surgir pelo caminho.
O Ayurveda irá focar em ajustes alimentares, mudanças no estilo de vida, fitoterapicos e procedimentos manuais aplicados por um terapeuta treinado, e outras orientações, tudo para restaurar o equilíbrio dóshico e apoiar os ritmos naturais do corpo. Eis alguns deles:
Nutrição: Incorporar mais alimentos mornos, cremosos, cozidos e de fácil digestão. Favoreça uma ingesta de alimentos limpos, sem alimentos processados e alterados quimicamente pela industria. Esse cuidado mínimo irá ajudar a pacificar Vata, ajudando a estabilizar o ambiente interno do corpo.
Estilo de vida: Atividade física regular e yoga podem ser extremamente benéficas, juntamente com práticas de meditação para melhorar o bem-estar emocional. Parece mais do mesmo, certo? Mas gostaria de lhe poder dar uma pílula que pudesse fazer confiar que esse processo funciona mesmo. Porque funciona.
Remédios herbais: Ervas como Shatavari (Asparagus racemosus), Ashwagandha (Withania somnifera) e Guggulu (Commiphora mukul) são reverenciadas por sua capacidade de equilibrar os hormônios e dar suporte ao sistema reprodutor feminino. Mas isso, é claro, deve ser prescrito levando em consideração uma serie de circunstâncias. E não deve ser consumido sem uma orientação prévia, sob riscos de alterações indesejadas.
Terapias ayurvédicas: Abhyanga (massagem terapêutica com óleo) e Shirodhara (gotejamento de óleo na testa) também podem proporcionar relaxamento profundo e ajudar a controlar o estresse, um fator comum que contribui para os sintomas da perimenopausa. Esses seriam uns dos muitos procedimentos possíveis para trazer qualidade de vida nessa fase.
É importante lembrar que o Ayurveda enfatiza o tratamento individualizado. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra, o que reforça a importância de consultar um profissional ayurvédico experiente. Ele pode elaborar um plano abrangente que atenda à sua constituição física, estilo de vida e sintomas específicos, oferecendo um caminho para o equilíbrio e o bem-estar durante a perimenopausa.
Adotar a abordagem holística do Ayurveda pode capacitar as mulheres a navegar pela perimenopausa com menos insegurança, conhecendo mais seu corpo, aperfeiçoando a sua relação consigo mesmo, rumo a uma nova fase com vitalidade, transformando-se em um período de rejuvenescimento e autodescoberta e eficiência mental, emocional com muito mais firmeza nos próximos passos da vida.
Desejo uma ótima caminhada a você.
Obrigada por ter chegado até ao final de mais um "Nota peculiares sobre Ayurveda".
Sejamos arca!
Sabrina Alves

🎁 Novidades no Horizonte!
Com esse post pretendo não só trazer alguma informação que lhe ajude a encontrar alternativas para o que está sentindo, mas também dizer que se você está ou conhece alguém que está nessa fase, você não estará sozinha.
Estou organizando uma série de atividades voltadas exclusivamente para a perimenopausa e a menopausa. Serão atividades on line e presenciais.
O primeiro passo será o reconhecimento e conscientização de que se encontra nessa fase da vida. Para então, se conscientizar dos sintomas. À medida que se aprofunda, temos a proposta de explorar como o Ayurveda oferece uma abordagem holística para facilitar a jornada pela perimenopausa, prometendo não apenas o alívio dos sintomas, mas também um caminho para o rejuvenescimento, equilíbrio e autogestão.
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SABRINA ALVES
Atua com Ayurveda a 18 anos, atendendo e ministrando cursos de formação e avançados.
Dra. e mestre na área de Ciência da Religião pela PUC/SP com enfoque em gênero, religião e
decolonização, com formação em Jornalismo.
Sua pesquisa mais recente foi em Gênero, Sexualidade e decolonialidade nos Textos Clássicos do Āyurveda em observância da sua prática atual na diáspora Índia-Brasil.
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